Nove Minutos

Uma Ficção, mas uma ficcção que pode ser realidade de muitos de nós, escritas aos poucos. Se vai ser boa? Só lendo para saber.

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segunda-feira, setembro 26, 2005

Sete Horas. Hora de Levantar

- Péé pééé pééé!
Relógio tocando, sete horas da manhã. Por que todo rádio relogio tem o mesmo barulho irritante? "Nossa já?", pensa, "Vou dormir mais um pouco". Aperta a tecla soneca. Meio que tateando. Ah! Mais nove minutos. Como nove minutos parecem tão maravilhosos. E por que será que esses rádios sempre tem nove minutos como intervalo? Por que não dez ou cinco minutos que seja? Por que os nove? Pena que nessas horas, nove minutos não são nada:
- Pééé pééé pééé!
Sete e nove, mais uma soneca talvez? Não, não dá. Hora de levantar. o expediente na Receita Federal é as nove, chegar as nove e meia tudo bem. Não tem ponto mesmo. Mas mais tarde que isso impossível. O Chefe chega sempre às dez horas. "Falta pouco para se aposentar". Conta os dias, e lembra que há quase trinta anos, antes de passar no concurso para auditor da Receita Federal pensava que não seria assim igual a todos os outros funcionários públicos, que já entravam pensando em se aposentar. Essa idéia não durou um mês.
- Chega de divagações, hora de levantar!
- Que foi Toninho?
- Nada meu bem, nada... - responde olhando para esposa. Ela também há trinta anos era diferente. Não parecia tão gorda. Os peitos tão grandes...e caidos. Pensa esquecendo de olhar para sua própria barriga e para os cabelos, alías onde estão os cabelos??

No Outro Quarto:
Quando estava na escola achava que poderia levantar tarde. Foi para faculdade viu que ainda não era hora. Deu sorte arrumou emprego. Agora viu realmente que nunca mais iria se levantar tarde na vida.
Mas tudo bem, não se importaria de levantar duas horas mais cedo, e ir dormir cinco horas mais tarde se fosse para estar com ele de novo (Mesmo que isso significasse não dormir, pelas contas, mas ela não deu atenção a isso). Com ele vai ser tudo diferente. Ele é maduro, responsável, educado. Não só finge ser como os outros. Nem pensa em sexo. Foi maravilhosa a noite ontem. Mesmo ele não pensando em sexo, acabaram transando, mas foi coisa de química, pele! Mal pode esperar para vê-lo de novo. Ele deixou o celular. "Será que eu ligo?" Pensou Roberta.
- Ai! Hora de levantar, vou ver se pego uma carona com o papai.
"Vou ligar na hora do almoço, quem sabe jantamos juntos?" pensou. Bom Já que havia a possibilidade, na verdade já era certo. Quem sabe até almoçar? Rô nem dormiu mais um pouquinho. Lavantou-se, tomou um banho relaxante. E lá vai ela para escolher a roupa:
- A não! Essa tá marcando a cintura.
- Ai viu se eu fosse 5 kilos mais magra...
- Essa!!! Ah! não dá... decote pequeno demais, nem parece que tenho peito!
- Ah Sim! Agora essa! Ai! Vida. Essa não posso, já fui semana passa no happy hour com ela.
- Essa não pode...tá marcando a perna...
- Hummmm..... Essa! Arf, arf... Aí! Não entra... hum... entrou.... Ai que merda! Não fecha! Que Ódio!
- Ai, vai essa mesmo. A única q serve!!! Preciso comprar mais roupas viu? Tem tanta coisa, mas nada fica bom. Puxa, mas será que ele vai gostar?
Se maqueia, escolhe aquele perfume que comprou quando estava de férias. Depois de uma hora ela está pronta, arrumada. Está com fome, mas comeu só um pouquinho, pra não saltar a barriga, marcar a roupa e estragar horas de escolha.

- Pai, me dá carona até a Paulista hoje?
- Dou sim, mas vai mas cedo hoje por que?
- Ah! Não sei...preguiça de pegar ônibus.

E vão para o carro. Ele ainda para, olha a filha e a esposa e volta a pensar que a mãe era mais bela que a filha quando tinha a mesma idade. Suspira. "Bons tempos aqueles"
- Tchau Bem! Não esqueci nada né?
- Tchau Mãe!
- Tchau Toninho! Não, não! Tá tudo aí. Filha, leva um agasalho, vai esfriar vi no rádio!
- Não mãe, não quero
- Leva filha...
- Mãe! Não... - É estava meio frio sim, mas um agasalho ia estragar tudo, não ia combinar, e se ele me visse assim?

Chegando na Paulista
-Tá bom aqui filhinha?
-Tá sim pai, daqui é pertinho.
-Tchau Filha!
-Tchau Pai.
Esse era seu verdadeiro tesouro, muitas vezes já pendou em abandonar Rita, mas não conseguiria ficar longe de Roberta. Mas e agora? Ela já está crescida, não teria problemas. "Ah! Deixa assim, está bom assim mesmo, pra que mudar?". Dali até a Teodoro era um pulinho. Voltar a rotina diária de novo: "Falta Pouco, muito pouco"

Ela vai andando, caminhando, é pertinho, enquanto isso vai pensando, quase saltitando de tão feliz, ele disse que trabalha na paulista também, mas o assunto mudou e ela acabou nem perguntando onde. "Será que vou cruzar com ele na rua?". Mal podia esperar para chegar no serviço, contar para a Mirela a novidade do fim de semana. Inclusive a Mirela já sabia do affair, mas não sabia tudo que tinha rolado. Mal chega:
- Conta tuuuudooooo!!! - Chega Mirela animada
- Tudo o que?
- Ah! Para com isso, o que aconteceu?
- A gente saiu. Pra jantar. Ele é lindo! Tomamos vinho.
- Hummm! vinho é?
- Ah! Para vai - fala rindo envergonhada
- Daí fomos para um lugar mais tranquilo...
- E aí ele é bom de cama? - Mirela daquele jeito espontâneo dela
- Ah Miii... Para!!!
- É grande?
- Miii
- Você chupou?
- Ô Mi, ele é maravilhosdo tá? me abstenho dos detalhes- fala sorrindo.

Ele chega na repartição
- Araújo, tem recado pra você taí desde de cedo. E você tem que ver que loira que deixou. Araújo! Araújo! O Que que é isso homem!
- Ah! Ferreira, do que você tá falando, me dá aqui o bilhete
E lá vai ele ler o bilhete: "Na hora do almoço, me encontre no Hamburguinho. Na rua dos Pinheiros. Assunto do seu interesse"
- E aí Araújo, o que tá escrito?
- Nada não, mais uma denúncia de irregularidade.
- Deve ser coisa de político, só pode.- E Ferreira volta para seu importante jogo de Paciência.
Agora Araújo fica pensando o que será que essa loira quer??? No mínimo é oferecer uma caixinha para alguma coisa. Era o que mais tinha lá. E mesmo assim, nunca aceitou uma caixinha sequer. Ok! Ele fechava os olhos pra muito coisa que os colegas faziam, mas ele mesmo se mantinha limpo. Ou o mais proximo disso.

A hora não passa. Nove horas, nove e quinze. Tanto Roberta quanto Araújo olham o relógio ansiosos. Nove e vinte. Nunca a hora do almoço foi tão aguardada assim. E nem com fome estavam. Nove e meia.

Dez horas.
Onze.
Onze e meia.
Onze e quarenta.
Quinze para meio dia.
Dez para meio dia.
Onze e cinquenta e sete.
Ufa!!! Meio Dia.

Roberta pega o bolsa. Onde deixou o cartãozinho que anotou o número meu Deus! Cadê??? E vai tirando tudo da bolsa. Ai! Perdi será? Ah! não! Tá aqui! Achei!
Tá chamando uma, duas...

- Já vai Araújo?
- É! Tô com fome!
- Pera cinco minutinhos que vou com você.
- Dá não Ferreira. Fica para Próxima
- Vai entender você Araújo.
E lá vai ele. Da Teodoro para a Rua dos Pinheiros, daria para ir a pé, mas vai de carro, é mais rápido. Entra, olha, e lá esta uma loira sentada, parecendo que está esperando alguém. Vai em direção a mesa.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Di,
Nunca achei que vc tivesse talento para escritor, mas está de parabéns... Vc sabe o qto amo ler, e seu texto me deixou super-interessada... Pode contar que não vejo a hora da prx segunda chegar pra ver a continuação...
Bjs
Clarita

sábado, outubro 01, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Diego, que demora para colocar o restante da história! Agiliza isso pelamor!! : )
Beijos
Adri

terça-feira, outubro 04, 2005  

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